O dia que São José dos Campos "chorou"

Ano de 2009, 19 de fevereiro - 15:22 minutos.

Uma quinta-feira ensolarada, sem nuvens. Como um amigo sempre dizia "céu de brigadeiro", quando este tempo estava assim. O tempo lá em cima estava maravilhoso, mas cá em baixo...nada para elogiar ou dizer coisas bonitas. De repente o supervisor grita de longe, Fulano, Ciclano e Beltrano. Olhando para o seu celular, sem querer olhar para os meus olhos e sem dizer uma unica palavra após o chamado, entramos em uma sala de reunião, a maior sala de reunião da gerência de TI. Eu fui o ultimo a entrar e quando o fiz, lá estavam alguns dos meus colegas de trabalho, todos sem exceção , olhavam com aqueles olhos grandes e assustados, olhos de gado na fila para o abate.

Me sentei na ultima poltrona, bem longe do locutor, já tinha o mesmo olhar dos outros colegas.

O locutor

Não tinha mais que quatro meses que fora contratado. A impressão que fica é que fora contratado para esta incumbência. Este olhava para a frente, más também não mirava ninguém, apenas torcia para acabar logo e assim o fez.

A palavras finais

"Ele" já tinha seu script pronto e acho que quando ali cheguei, já estava próximo do final.

"...Não sabemos quando esta crise irá acabar, a unica certeza é que ela também nos afeta, e não existe outro caminho...teremos que cortar custos "pausa" teremos que demitir "pausa" e vocês aqui dentro desta sala...."complete o que falta, amigo leitor"

A empresa agradece a vocês pelo grande trabalho prestado e peço para que assinem as 4 vias que serão entregues e deixem seus crachás em cima da mesa. Vocês terão o transporte da empresa com saída em 30 minutos. Podem passar nas salas que vocês ficam e se despedir dos outros. Quanto aos pertences, se não puder ser levado hoje, podem ser pego em outra data.

A despedida

A despedida foi pior...muito sentimento, muito choro, muita revolta.

Tudo muito bem planejado, a demissão foi cuidadosamente estudada e prova disso foi o sincronismo com as outras filiais. Quando saímos do prédio, carregando o que era importante, vimos outros muitos, fazendo o mesmo. Indo para o estacionamento, o que mais eu ouvia era..."Vem me buscar", ligações dos celulares para os pais ou esposas(os), seguido de soluços.